Escola de Educação Básica Zenaide Schmitt Costa

Cinema em Gaspar

15/07/2009 14:49

Logo após se emancipar em 1934, Gaspar não demorou a tomar gosto pela arte cinematográfica que se desenvolvia por todo o Brasil e que aqui chegava através de um exibidor de filmes ambulante. Coube aos irmãos Holwarth, de Blumenau, inaugurar a era do cinema em Gaspar, no início da década de 40.
O cinema foi improvisado no salão maior do Hotel Wehmuth e as primeiras sessões causaram verdadeiro reboliço na cidade, tal a repercussão da novidade. E olhe que o cinema era mudo e em preto e branco.
As cadeiras eram de palha e mesmo assim não ficava uma só vazia. Passado algum tempo e os irmãos Holwarth desistiram de exibir filmes em Gaspar, alegando muitos problemas e dificuldades com o transporte, pois vinham de Blumenau de carroça, mas o espaço foi imediatamente ocupado por outro exibidor ambulante, Sr. Julio Julianelli, também de Blumenau e possuidor de um equipamento melhor.
O Sr. Julianelli passou a usar o mesmo salão no Hotel Wehmuth para as exibições dos filmes que agora eram falados, o que fez aumentar o interesse e a curiosidade dos gasparenses pelo cinema.
Mudo, falado ou em preto e branco, a verdade é que o cinema caiu no gosto dos moradores daqui, que em número cada vez maior freqüentavam as sessões.
Pouco tempo depois de ter substituído os irmãos Holwarth, o Sr. Julianelli também desistiu de exibir filmes em Gaspar pelos mesmos motivos do seu antecessor.
E quando a população ainda se lamentava pelo fato de ficar sem cinema, eis que surge por aqui o Sr. Walter Mogk, proprietário de cinema em Blumenau e que estava abrindo filiais nos municípios vizinhos.
Nascido na África do Sul, Walter Mogk veio para o Brasil com os seus pais que se instalaram na Itoupava Norte, em Blumenau.
Walter era mágico e depois de enfrentar os palcos da Argentina e do Brasil resolveu deixar a magia de lado para trabalhar com cinema, atividade da qual já tinha bom conhecimento. Inicialmente comprou equipamento e instalou, em sociedade com um amigo, um cinema em Curitiba.
Como
o negócio não deu certo, trousse o maquinário para Blumenau e no dia 3 de setembro de 1941, inaugurou o Cine Mogk no salão de baile construído em Blumenau por seu pai. O sucesso da iniciativa o encorajou a instalar uma rede de cinemas nas cidades de Indaial, Timbó, Pomerode e Gaspar.
Aqui o Cine Mogk funcionou ainda por algum tempo no Hotel Wehmuth, mudando-se depois para o salão ao lado do Café União do Sr. Roland Schöenfelder. E foi ali que o cinema em Gaspar viveu os seus dias de glória e os grandes momentos da sua história, marcada por 40 anos de atividades. Empresário sério e responsável e técnico de reconhecidas qualidades, Walter Mogk acompanhou de perto toda a evolução artística e tecnológica do cinema nacional e aos poucos foi imprimindo melhorias nos cinemas da rede Mogk. Os frequentadores de cinema em Gaspar puderam sentir essas melhora e esse avanço, seja pela qualidade dos filmes exibidos, seja pelos equipamentos mais sofisticados, ou ainda pelas confortáveis poltronas instaladas para os assistentes.
Outro fator que muito contribuiu para o sucesso do Cine Mogk em Gaspar foi a importante colaboração que passou a ter do Sr. Ingo Schramm, um fotógrafo entusiasmado e competente, funcionário da Casa Julio Schramm e morador ao lado do salão do cinema. Essa parceria deu tranqüilidade ao Sr. Walter Mogk que deixou de vir a Gaspar nos dias de sessões, limitando-se a enviar os filmes que o Sr. Ingo Schramm se encarregava de projetá-los no que também contava com o auxilio do seu irmão Kilian.
Seu pai, Sr. Engelbert Schramm, cuidava da bilheteria nos dias de sessões, quartas feiras, sábados e domingos a tarde (matines) e à noite.
Com essa estrutura e funcionando com regularidade, o cine Mogk permitiu aos gasparenses viverem a fase áurea do cinema nacional através da exibição de filmes que marcaram época e deixaram saudades, notadamente aqueles protagonizados por artistas, cantores e atores brasileiros famosos, como Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Adelaide Chioso, Vicente Celestino, Oscarito, Grande Otelo, Mazzaropi, Costinha, Lampião, Maria Bonita e tantos outros.
O Cine Mogk que funcionou aqui até o início de 1980, cumpriu nesse tempo, perfeitamente, a sua missão, prestando um grande serviço a cidade como instrumento de promoção da cultura, do lazer e do divertimento.
Cabe registrar também que por algum tempo daquela recuada época, foram exibidos regularmente aos sábados, filmes no salão Cristo Rei em sessões abertas ao público. O exibidor era o Sr. Antônio Venhorst. Com a chegada da televisão a rede dos Cines Mogk foram fechando aos pouco, como aconteceu aqui por volta de 1980.
Quem, todavia, se detiver em escrever a história de Gaspar, não poderá jamais esquecer a contribuição dada pelo cinema e pelos seus responsáveis acima mencionados e cujos nomes passaram a fazer parte da galeria de honra dos precursores do progresso e desenvolvimento do nosso município. O autor é ex-parlamentar.

 

Fonte: Cruzeiro do Vale

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